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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O ESPELHO

Mal a mocidade lhe sorriu, ela viu-se assim: confinada a um quartinho sem janelas.

Todos os dias ele lhe trazia frutas, leite e mel. E ainda dava-lhe afago, mordia-lhe a maçã do rosto e afogava-se por entre suas pernas. Um mundo perfeito, ela pensava; certa de ser amada.


Assim foi até que um belo dia ele lhe trouxe um espelho.


No começo, olhou o objeto ressabiada, com medo de ver-se outra vez. Aos poucos encorajou-se: eram verdes os seus olhos, já nem lembrava.


Agora, ela passava todo o seu tempo numa busca incansável de reflexão. Vendo-se, revendo-se e espelhando: as paredes, os móveis, os cantos e os vazios.


Então, ele passou a levar-lhe frutas, leite, mel e espelhos; certo de ser amado.


E ela reverberando o interior aqui, refletindo novos ângulos acolá, desvelando mais e mais os seus espaços.


Ampliando...


E assim foi até um dia que, em paralelo, ela abriu-se em asas e alcançou o infinito.


Certa de amar-se.

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