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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

NO CAMPO DE SANTANA

Abaixou a cabeça para esfregar um cisco na lente de contato. O indicador no canto dos olhos, o cisco na palma do dedo. Aproveitou para uma puxadinha discreta na calcinha que apertava a virilha. De cabeça baixa, surpreendeu o blazer fechado num desnível de botões... Desde quando? Meio com vergonha consertou: reabrindo e reabotoando.

Há uns três metros vê um homem de cabeça baixa. Ao vento, os cabelos desgrenhados. Ele tenta fechar o zíper da calça surrada. Suspende os trapos de blusa, o botão escapa, o zíper emperra e a pele salta desnuda: as vergonhas de fora.


Ela saiu matutando pela rua... Parece que vivemos todos, de um jeito ou de outro, preocupados em cobrir nossas vergonhas. Empenhados em abotoar nossas existências.

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